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Sophia Cardoso

Opulência e violência


Ele é vice-governador, um dos homens mais ricos do país. Fez fortuna em Mato Grosso, o paraíso fiscal do agro que, por aqui, fica com o lucro e deixa o ônus de seus negócios poluentes, devastadores do meio ambiente e baixa geração de emprego e renda, para a população pagar o preço.


Otaviano Pivetta, como seus pares, é confortavelmente amparado pela generosa contribuição de um Estado que protege os ricos do agro com bilionárias isenções fiscais e se dá por satisfeito entregando cestas básicas a quem não tem emprego, salário e faz fila para pegar ossinhos de graça no açougue. Uma ética pública de violência contra os pobres que, se manifesta, também, na violência de gênero praticada.


A violência contra as mulheres atravessa as classes sociais. No andar de cima, mulheres também sofrem violência moral, física e psicológica em luxuosas condições e, nem por isso, deixa de ser violência.


Mato Grosso vai revelando ao mundo a sua opulência. Opulência que não é só de riqueza, mas de violência, de um machismo atroz que está presente na forma como esses homens governam o Estado e suas vidas privadas que, vez ou outra, vem à tona.


Como é clássico nos casos de violência contra a mulher, após a denúncia ela é pressionada para desdizer o que disse e, alegar que foi só uma briga de casal. Querendo reforçar aquele bordão machista, feito para proteger homens violentos, a crença incutida na cabeça de que em briga de casal, não se mete a colher.


Mas, quando uma mulher é agredida, não é uma questão familiar, uma questão íntima. É uma questão estrutural de opressão e violência do poder do homem contra os corpos das mulheres. Portanto, quando uma mulher é violentada e não fazemos nada, autorizamos todos os homens machistas a fazerem o mesmo.


Na Câmara de Cuiabá, outro episódio grotesco: um homem público, professor aposentado da universidade que ao longo de sua vida ocupou vários cargos públicos: assediava mulheres no banheiro, em suas salas, pegava em seus corpos e, gostava de falar sobre seu pretenso “desempenho sexual”, conforme narram as denunciantes.


O Secretário de Gestão Administrativa da Câmara, Bolanger José de Almeida, ao que parece, não conseguiu administrar seu próprio comportamento e, se sentiu poderoso para dispor dos corpos das mulheres, funcionárias da Câmara. Revoltou e constrangeu a tod@s!


No primeiro caso, até agora, o Vice-Governador ao invés de se retratar e se submeter ao escrutínio da lei, preferiu usar seu poder institucional para obrigar a vítima a se retratar.

Outra forma de violência, desta vez, uma violência moral, psicológica para reafirmar estigmas machistas de que mulheres são mentirosas, exageradas, loucas!!


Na Câmara, duas servidoras concursadas, no gozo de sua estabilidade de emprego, tomaram a atitude corajosa de denunciar o agressor de mulheres. Ele foi exonerado. Mas, é preciso que a justiça puna adequadamente esses comportamentos inaceitáveis e, a Câmara, assim como outros espaços institucionais crie políticas de combate ao assédio contra mulheres.


Uma das frentes de nosso mandato coletivo pela vida e por direitos é a defesa da vida das mulheres. Denunciamos o uso da máquina pública para proteger agressores de mulheres e, nos colamos na luta contra os que banalizam nossas vidas, nossa saúde física e psicológica.


Machismo mata e Mato Grosso é um dos estados campeões em violência contra as mulheres. Não podemos admitir que a violência covarde contra os corpos das mulheres tenha amparo nas instituições públicas e nos comportamentos dos políticos.


Edna Sampaio – vereadora por Cuiabá

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